No ano 476 DC, Roma foi invadida e o imperador foi deposto,
era o fim do Império Romano do Ocidente! Em meio a grande turbulência, muitos
textos do Mundo Antigo poderiam ser perdidos para sempre. Felizmente, alguns
anos mais tarde, um dedicado escritor trabalhou na tradução de antigos textos
gregos e deixou uma obra que seria utilizada durante toda a Idade Média. Esse
escritor é o teólogo Boécio, que também é considerado um dos pais da Igreja.
Boécio viveu de 480 a 524 (?) ou 525 DC, seu nome completo
era Anício Mânlio Torquato Severino Boécio, (em latim: Anicius Manlius
Torquatus Severinus Boethius) [1]. Ele foi teólogo, estadista,
filósofo e poeta romano. Boécio trabalhou na tradução de diversas obras gregas
para o latim, especialmente obras de Aristóteles. Essas obras tiveram grande
importância nos séculos seguintes, pois serviram como fontes de estudo nas
escolas e universidades medievais. [2]
Anício
Mânlio Severino Boécio (470-525), o último representante da Filosofia Ocidental
antes do fim da Patrística, é quase a única fonte do aristotelismo da Idade
Média antes do século XIII, sendo notável também por ter feito a transmissão
dos pensamentos de Platão e dos estoicos. Sua importância maior no campo da
Filosofia se deu quando das traduções das obras lógicas aristotélicas, o que
lhe permitiu passar para a posteridade. Porém, Boécio também compôs algumas
obras de cunho lógico, muito utilizadas durante o período da Escolástica.
(MORAIS E SOUZA, 2010)
Boécio estudou e fez traduções de textos sobre lógica (sobretudo
sobre o silogismo). Também escreveu sobre Música e Aritmética [3] Naquela
época, muitos pensadores cristãos demonstraram grande dedicação ao estudo dos
textos antigos, esse fato foi importante para que o legado cultural do mundo
antigo fosse transmitido as futuras gerações. [2]
Entretanto,
não obstante a influência cristã sobre a Filosofia, os pensadores medievais buscaram
beber das fontes gregas. Assim, é possível ver um Agostinho de Hipona se
debruçando sobre os escritos platônicos e um Tomás de Aquino investigando os pensamentos
de Aristóteles. Dessa forma, os escritos dos filósofos gregos ganharam destaque
no Ocidente. Mas foi em torno de Aristóteles que a maior parte dos estudos e
das disputas medievais se concentrou. (MORAIS E SOUZA, 2010)
A obra mais conhecida de Boécio, foi escrita na prisão, é a
obra “A Consolação da Filosofia” (De consolatione philosophiae). Conforme a Biblioteca Digital Mundial, essa
obra é “considerada como uma das obras mais importantes e influentes do mundo
ocidental [...] Escrita na forma de um diálogo entre Boécio e a Senhora
Filosofia, a obra passou por várias ilustrações na Idade Média”. [4]
Na época de Boécio, a Itália era governada pelo rei godo
Teodorico. Boécio defendeu publicamente o senador Albino que era acusado de
conspirar contra o rei. Devido a isso, Boécio foi acusado de traidor [5].
Além disso, foi acusado de praticar magia, o que ele negou veemente. Devido a
essas acusações, infelizmente Boécio foi condenado a morte na cidade de Pávia
em 524 ou 525. [6]
Em muitas de suas obras, Boécio defendeu a doutrina Católica.
A Igreja considerou que sua condenação foi injusta e considera esse filósofo um
Mártir Cristão. O papa Bento 16, falou sobre Boécio na Audiência Geral do dia 12de março de 2008 [7]:
Particularmente
absurda é, além disso, a condição de quem, ainda como Boécio que a cidade de
Pavia reconhece e celebra na liturgia como mártir da fé, é torturado
mortalmente, sem qualquer motivo que não seja o das suas próprias convicções
ideais, políticas e religiosas. Boécio, símbolo de um número imenso de
aprisionados injustamente de todos os tempos e de todas as latitudes, é com
efeito a objectiva porta de entrada para a contemplação do misterioso
Crucificado no Gólgota. (Bento XVI, 2008)
Boécio afirmava que devemos buscar a felicidade na busca pelo
conhecimento de Deus, pois Ele é a “sabedoria absoluta”. [8]